João, em seu livro da Revelação (Apocalipse) de Jesus, nos informa de uma proclamação do evangelho eterno, entretanto, havia algo acrescentado nessa mensagem do evangelho que só deveria ser proclamada quando se iniciasse o tempo do fim, pois, dizia, “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo...” (Apocalipse 14:7). E como está escrito: “Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Disso concluímos que certamente Deus não deixaria de revelar anteriormente ao mundo, por meio de Seus porta-vozes o juízo iminente, apesar de ainda vindouro.
No texto bíblico são apresentados três anjos voando no céu (Apocalipse 14:6-12), e estes imbuídos da pregação do evangelho ao mundo todo, é desta forma aplicado um símbolo muito adequado aos proclamadores destas mensagens, pois não são anjos que fazem esta pregação, esta obra é confiada a homens, e é realmente muito significativo que um anjo seja o proclamador no texto Bíblico – pela sua pureza, glória, poder e sabedoria, desta forma deviam ser as proclamações das mensagens, e isto ainda levado em conta sua extensão global. Sobre isso Ellen G. White esclareceu em pelo menos dois lugares, dizendo que: “Os três anjos de Apocalipse 14 são representados como voando pelo meio do Céu, o que simboliza a obra dos que estão proclamando a primeira, segunda e terceira mensagens angélicas” (Testemunhos Seletos Mundial, Vol. II, pág. 372).
“Tendo em vista preparar os seres humanos para esse evento, enviou Ele as mensagens do primeiro, segundo e terceiro anjos. Estes anjos representam aqueles que recebem a verdade e com poder abrem o evangelho diante do mundo” (A Verdade Sobre os Anjos, pág. 247).
Bem é verdade que anjos têm seus encargos para direção de obras de salvação, mas a pregação do evangelho é confiada aos homens, é efetuada somente pelos crentes de Cristo na Terra. E apesar de o evangelho eterno estar sendo pregado desde a primeira promessa de Deus de um libertador, isto ainda no Éden (Gênesis 3:15), se referindo a semente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente, é acrescentado cada vez mais detalhes sobre o plano da redenção feito por Deus em sua infinita misericórdia. Assim esta mensagem chega a seu clímax no tempo do fim, com a enunciação da tríplice mensagem angélica, que é o último chamado divino.
Que esta mensagem é para o tempo do fim, fica claro ao nela conter a pregação da volta de Cristo, algo que não foi pregado nos séculos passados por nenhum mensageiro de Deus, tal como Paulo que não esperava o dia do Senhor para seu tempo, e ainda argumenta que antes viria a apostasia e o homem do pecado (conf. II Tessalonicenses 2:1-8). Somente depois destes acontecimentos viria o tempo em que se podia proclamar a volta de Cristo, que então estaria iminente.
Pelas profecias de Daniel e Apocalipse, chegamos a um entendimento de que época seria propícia tal pregação da volta de Cristo.
Vemos em Daniel um poder em que é revelado profeticamente o que faria: “Proferirá palavras contra o Altíssimo, magoará os santos do Altíssimo e cuidará em mudar os tempos e a lei; e os santos lhe serão entregues nas mãos, por um tempo, dois tempos e metade de um tempo” (Daniel 7:25). Então de acordo com este texto, Deus permitiria que fosse entregue os santos nas mãos deste poder ímpio por três tempos e meio, mais adiante vamos analisar o significado deste tempo.
Em Apocalipse no capítulo 12, é mostrada a história da igreja no símbolo de uma mulher pura, e também é falado sobre as perseguições que a igreja teria de enfrentar, e no versículo 14 é dito: “e foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse até ao deserto, ao seu lugar, aí onde é sustentada durante um tempo, tempos e metade de um tempo, fora da vista da serpente” (Apocalipse 12:14). Uma fraseologia extremamente parecida é encontrada aqui, juntamente do contexto de perseguição tal qual Daniel 7:25. Mas o que significaria “tempo”? uma resposta simples encontramos em Daniel 11:13: “...e, ao cabo de tempos, isto é, de anos...”. É identificado claramente que tempos são anos, entretanto ainda pode-se alegar, ser este um período indefinido de tempo, A resposta definitiva para esta questão está em Daniel 4:23 em que no sonho do rei, era dito que ele ficaria por “sete tempos” como animal do campo, e o próprio Daniel no verso 25, diz que passariam sete tempos até que voltasse o entendimento ao rei, ou seja, era uma forma de contar o tempo definidamente, sendo que o vocábulo caldeu utilizado neste texto traduzido por “tempo” é iddan, que tal como o yamim do hebraico, significa ano quando usado para um período definido (a este respeito Flávio Josefo em História dos Hebreus afirma ter passado sete anos o rei Nabucodonosor como animal do campo). Deste modo entendemos que os textos de Daniel e Apocalipse querem dizer três anos e meio e segue-se que se tratando de tempo profético no texto, estes anos devem seguir o princípio bíblico de dia-ano (Ezequiel 4:6, Números 14:34), sendo que cada dia representa um ano, neste caso um ano se compõe de 360 dias (pela irregularidade de dias em um ano do calendário hebraico por este ser lunar, se têm para a profecia uma forma fixa: para um ano: 360 dias, e um mês: 30 dias), devem ser portanto 360 anos, e juntando os três anos e meio (um tempo: 360 dias, dois tempos: 720, meio tempo: 180 dias), ficamos com 1260 dias que devem necessariamente significar 1260 anos de perseguição infringido por satanás ao povo de Deus por meio de um instrumento na terra.
Fica mais claro este cálculo quando lemos o texto de Apocalipse 12:6: “A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde lhe havia Deus preparado lugar para que nele a sustentem durante mil duzentos e sessenta dias”. Vemos então novamente tal qual no verso 14, que apesar de uma perseguição contra a igreja ser iniciada, Deus providencia um lugar no deserto para que se sustente esta igreja por 1260 dias/anos.
É bem compreendido pelos adventistas que este poder usurpador é a Roma Papal, pois, apenas este poder cumpre todos os requisitos da profecia, e tal como Paulo havia dito, a apostasia viria antes do “homem do pecado” preparando a Igreja Cristã para ser tomada pelos lobos vestidos de ovelha (Mateus 7:15; Atos 20:29), ou seja, Um sábado espúrio (o domingo) seria aceito no lugar do Sábado Bíblico do Sétimo Dia (este é o ato de mudar a lei de Deus, substituindo por tradição humana).
Mas quando foi que este poder conseguiu força para perseguir os santos do Altíssimo? A questão de a igreja virar um poder tanto espiritual como temporal começou com o edito de Justiniano do ano de 533, que fazia o bispo de Roma cabeça de todas as igrejas, entretanto este edito não entrou em vigor até que foram destruídos os ostrogodos, último de três reinos arianos, que se opuseram contra o papado, e isto somente aconteceu em 538. Foi então a partir daí que os santos estiveram nas mãos deste poder usurpador.
Começando a contagem no ano 538 e aplicando os 1260 anos de predomínio papal, passamos pela a chamada Idade Escura, promovida por este poder, aonde foi eliminada a liberdade de consciência, levando a umas das mais terríveis perseguições, denominada de “Santa Inquisição”, aonde puniu com morte todos que discordavam deste poder, passamos também pelo surgimento da Reforma Protestante do Século XVI, que iluminou o mundo novamente; até que chegamos ao ano de 1798, aonde em meio a Revolução Francesa, o General Berthier comandante de um exército francês entrou em Roma, proclamou a República, e aprisionou o papa que mais tarde morreria na prisão, e aboliu o papado por certo tempo, desde essa data não mais usufrui o papado de privilégios e imunidades que possuía. Deste modo se cumpriu a profecia que apesar de dizer: “Foi-lhe dada uma boca que proferia arrogâncias e blasfêmias e autoridade para agir quarenta e dois meses [42x30=1260 dias/anos]”. (Apocalise 13:5), é dito também: “Se alguém leva para cativeiro, para cativeiro vai. Se alguém matar à espada, necessário é que seja morto à espada...”(Apocalipe 13:10). Desta forma foi “golpeada de morte” uma das cabeças da Besta; entretanto, em um tempo após a ferida mortal já estar curada, a profecia prevê dizendo que “toda terra se maravilhou, seguindo a besta” (Apocalipse 13:3), ou seja, voltará a desempenhar um papel de poder temporal o papado no futuro, e desta forma entrará o mundo numa Idade Escura novamente.
Em Daniel 11:35 é dito:“Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim...”. Esta perseguição aos santos, ou sábios de Deus, como já vimos, chega até o ano de 1798; e este texto de Daniel esclarece que os entendidos seriam perseguidos até chegar o tempo do fim, sendo assim, quando findasse o poder papal, o tempo do fim se iniciaria. Portanto, estamos prontos para dizer que o Tempo do Fim começou a partir de 1798, e somente depois de cumprido este período profético poderia haver a proclamação da Volta de Cristo, e assim também seria descerrado o livro de Daniel, pois havia chegado o “tempo do fim”, e então se cumpriria a profecia: “Tu, porém, Daniel, encerra as palavras e sela o livro, até ao tempo do fim; muitos o esquadrinharão, e o saber se multiplicará” (Daniel 12:4). E foi assim que aconteceu no início do Século 19 - um despertamento religioso por causa do exame das profecias, e a partir daí a proclamação do iminente juízo de Deus profetizada por João na Ilha de Patmos no primeiro século da era cristã começou a ser cumprida, e esta iria ao decorrer dos anos avançar pelo mundo. [M.Borges]
Para ler a segunda parte deste estudo clique aqui.
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