São
Paulo -- Há óbvias vantagens em ler um livro num smartphone, tablet ou e-reader em vez de lê-lo no
papel. No livro digital, é fácil buscar uma palavra qualquer ou consultar seu
significado num dicionário, por exemplo.
Um
e-reader que pesa apenas 200 gramas pode conter milhares de livros digitais que
seriam pesados e volumosos se fossem de papel. Além disso, um e-book é geralmente mais barato que seu equivalente
impresso.
Mas
a linguista americana Naomi Baron descobriu que ler e escrever no papel é quase
sempre melhor para o cérebro.
Naomi
estudou os hábitos de leitura de 300 estudantes universitários em quatro países
– Estados Unidos, Alemanha, Japão e Eslováquia. Ela reuniu seus achados no livro “Words Onscreen: The Fate of Reading in a Digital World”
(“Palavras na Tela: O Destino da Leitura num Mundo Digital” – ainda sem edição
em português).
92%
desses estudantes dizem que é mais fácil se concentrar na leitura ao manusear
um livro de papel do que ao ler um livro digital.
Naomi
detalha, numa entrevista ao site New Republic, o que os estudantes disseram sobre a leitura em
dispositivos digitais: “A primeira coisa que eles dizem é que se distraem mais
facilmente, são levados a outras coisas. A segunda é que há cansaço visual, dor
de cabeça e desconforto físico.”
Esta
última reclamação parece se referir principalmente à leitura em tablets e
smartphones, já que os e-readers são geralmente mais amigáveis aos olhos.
Segundo
Naomi, embora a sensação subjetiva dos estudantes seja de que aprendem menos em
livros digitais, testes não confirmam isso: “Se você aplica testes padronizados
de compreensão de passagens no texto, os resultados são maios ou menos os
mesmos na tela ou na página impressa”, disse ela ao New Republic.
Mas
há benefícios observáveis da leitura no papel. Quem lê um livro impresso, diz
ela, tende a se dedicar à leitura de forma mais contínua e por mais tempo. Além
disso, tem mais chances de reler o texto depois de tê-lo concluído.
Escrever
faz bem
Uma
descoberta um pouco mais surpreendente é que escrever no papel – um hábito cada
vez menos comum – também traz benefícios. Naomi cita um estudo feito em 2012 na Universidade de Indiana com crianças
em fase de alfabetização.
Os
pesquisadores de Indiana descobriram que crianças que escrevem as letras no
papel têm seus cérebros ativados de forma mais intensa do que aquelas que
digitam letras num computador usando um teclado. Como consequência, o
aprendizado é mais rápido para aquelas que escrevem no papel.
(Fonte: Exame.com)