segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Por Que Ir À Igreja?

Um freqüentador de Igreja escreveu para o editor de um jornal e reclamou que não faz sentido ir à Igreja todos os Sábados.

- Eu tenho ido à Igreja por 30 anos e durante este tempo eu ouvi uns 3.000 sermões. Mas por minha vida, eu não consigo lembrar nenhum deles... Assim, eu penso que estou perdendo meu tempo e os Pastores estão desperdiçando o tempo deles pregando sermões!"
Esta carta iniciou uma grande controvérsia na coluna "Cartas ao Editor", para prazer do Editor e Chefe do jornal.

Isto foi por semanas, recebendo e publicando cartas no assunto, até que alguém escreveu este argumento:

- Eu estou casado já há 30 anos. Durante este tempo minha esposa deve ter cozinhado umas 32.000 refeições. Mas, por minha vida, eu não consigo me lembrar do cardápio de nenhuma destas 32.000 refeições. Mas de uma coisa eu sei: todas elas me nutriram e me deram a força que eu precisava para fazer o meu trabalho. Se minha esposa não tivesse me dado estas refeições, eu estaria hoje fisicamente morto.

- Da mesma maneira, se eu não tivesse ido à Igreja para alimentar minha fome espiritual, eu estaria hoje morto espiritualmente!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Testemunho que Bates nos Deixa à Favor da Temperança

José Bates, ex-capitão de navio, homem singular em vários aspectos, que antes de conhecer o sábado lutou pela temperança, foi um pioneiro dos adventistas crentes no sábado do sétimo-dia, e, além disso, seu papel como um dos fundadores da Igreja foi decisivo principalmente influenciando doutrinariamente a Igreja; ele apresentou o sábado com grande vigor convencendo a muitos, aprofundou o entendimento da mensagem do terceiro anjo em ligação com o tema do grande conflito entre Cristo e Satanás, e que no centro desta luta estava a identificação e obediência do verdadeiro sábado (sétimo dia), desenvolvendo, por conseguinte, o tema do selamento do povo de Deus. 

No ano de 1821 José Bates começou a ter a consciência despertada para a temperança; ele havia se tornado comandante de navio há pouco tempo, quando começou a rejeitar o tomar bebidas alcoólicas, hábito tão comum aos homens do mar, inclusive o beber as mais fortes. Ele começou sua reforma impondo o limite de um copo por dia, e isso ele fazia ao meio-dia, mas ao decorrer o tempo ele começou a sentir necessidade tamanha, que preferia tomar um copo de bebida a se alimentar. Foi assim que em vez de retroceder, decidiu por fim nunca mais beber outro copo. Apenas bebia vinho em companhia de outros por isso ser elegante, entretanto não demorou muito para até mesmo o uso do vinho fosse retirado de sua dieta.

Também ficou convencido do erro de fumar, e resolveu então não usar fumo de nenhum modo. Ele teve duras batalhas que enfrentar, principalmente devido aos diversos hábitos errôneos desta vida de marinheiro, a linguagem torpe, a blasfêmia, foram defeitos de caráter que ele se esforçou para se libertar. 

Já antes do ano de 1838 se convenceu dos efeitos nocivos do chá e café, levando a tanto ele como a esposa a suprimir tais itens da mesa. Abandonaria também a alimentação cárnea em 1843.

Em certa viagem Bates sofreu intenso sofrimento mental, talvez ele tenha sofrido algum tipo de depressão, de qualquer forma, Bates nessa ocasião entregou totalmente seu coração a Jesus, entendendo que por si só não poderia vencer as lutas contra as tendências corruptas.

Certo dia, em paz de espírito a bordo do navio ele deixou registrada uma súplica a Deus, ele escreveu: “Usa-me, Senhor, eu Te Imploro, como um instrumento de Teu serviço; Conta-me entre o Teu povo peculiar” (Em História do Adventismo, pág. 80). Ele não imaginava que esta oração seria atendida em anos futuros de forma surpreendente.

Naquela época a maioria dos pioneiros freqüentemente estavam enfermos; na verdade como John Andrews certa vez disse: “Imaginávamos que a dor de cabeça, dispepsia [indigestão], náusea, febre, etc. eram em sua maior parte, coisas totalmente fora de nosso controle” (Em História do Adventismo, pág. 216); o conhecimento deles quanto a necessidade de melhor alimentação e estilo de vida era mínimo se não inexistente.     

Por isso que provavelmente o único dos pioneiros que realmente tinha uma vida saudável era o velho capitão. Ele deixara de comer alimentos cárneos, manteiga, gordura, queijo, e bolos substanciosos muito açucarados.

Dele é dito que ficou doente apenas poucos dias na vida toda, além da sua breve enfermidade final.

Apesar de que soubesse muito bem o motivo de ter saúde, Bates preferiu testemunhar pelo exemplo quase sempre. Pouco ele disse a respeito de seu regime alimentar em público até que a luz finalmente raiou àquele movimento em 1863: quando Ellen White recebeu uma visão sobre reforma de saúde. Após isso, passou ele a falar mais livremente sobre o assunto.

No ano anterior a sua morte ainda desfrutava uma condição de saúde invejável; inclusive, neste ano ele assistiu um congresso relativo ao tema da reforma de saúde em Battle Creek.

Enquanto discutia-se o assunto, derrepente alguém se lembrou e exclamou: “Onde está o Pastor Bates? Ele é a pessoa que precisamos ouvir a respeito deste assunto”.

O idoso capitão estava sentado no fundo da igreja. Chamaram-no para o púlpito o estimado irmão com 79 anos de idade, mas ainda perfeitamente ereto e caminhando rapidamente até a plataforma.               

Ele relembrou suas experiências do passado e o resultado do abandono de um hábito nocivo após outro, até que estivesse livre de qualquer hábito que soubesse que era prejudicial. Testemunhou também estar totalmente livre de dores e mal-estar.

J. O. Corliss, presente nesta reunião, deu o seguinte testemunho acerca de Bates: “[Ele] ficou em pé como uma estátua de mármore e se movimentava com a leveza de um garoto. O auditório ficou tão eletrizado diante da eloqüência do idoso senhor que por um momento só se ouviam sonoros ‘améns’” (Em Retratos dos Pioneiros, pág. 57).    

Se nota em suma que apesar de que ele tivesse muito a falar sobre seus padrões de estilo de vida, falou muito pouco. Mas fez algo melhor: deu-nos um exemplo de viver saudável na prática, não meramente teórico; a simples presença dele era uma constante advertência a favor da temperança.

Dois anos após a morte de sua amada Prudence Nye, José Bates foi chamado ao descanso em 19 de março de 1872, aos 80 anos de idade. Foi sepultado ao lado da esposa em Monterey, Michigan.

Finalizando, uma mensagem final de uma resolução de pesar feita em uma reunião da Associação de Michigan, em homenagem a José Bates: “Embora lamentamos profundamente a nossa perda, relembraremos os seus conselhos, imitaremos suas virtudes e nos esforçaremos por encontrá-lo no reino de Deus” (Em Retratos dos Pioneiros, pág. 57).
[M. Borges]
                                                                        

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hábitos Musicais da Família White

Por Márcio Dias Guarda [1]
A música era de vital importância na vida de Tiago e Ellen White.
O favorito de Ellen era o velho hino de Carlos Wesley, "Ó Jesus, Meu Bom Pastor" (Cantai ao Senhor, 497[2]). Ela também apreciava muito "Oh Adorai o Senhor" (Cantai ao Senhor, 2 [mesmo número no Hinário Adventista]), "Ouvi o Salvador Dizer" (Cantai ao Senhor, 192[3]) e “Nunca Te Deixarei” (Cantai ao Senhor, 423 [386, no HASD].
Tiago tinha voz educada, e outros membros de sua família também. Seu pai fora professor de canto.
Em certas ocasiões, quando devia pregar, Tiago White encaminhava-se para o púlpito, vindo dos fundos da igreja, cantando um hino.
Um dos filhos de Tiago e Ellen White, James Edson, teve especial interesse pela publicação de hinos, tendo publicado seis hinários, mais sete em associação com seu primo F. E. Belden, além de um periódico sobre música, chamado Musical Messenger.
Tempos atrás, essas informações tão curiosas quanto inspiradoras a respeito da vida de uma família tão cara para nós adventistas, me conquistaram para ler o interessante livro Ellen White and Music, de Paul Hamel[4], do departamento de música da Andrews University. Agora, chegou a oportunidade de partilhar com os leitores alguns detalhes da vida musical da família White, os quais podem ser encarados como exemplo e inspiração para nossos próprios hábitos musicais. Ou não precisamos de exemplos e inspiração nesse particular?
Os tempos pós-desapontamento eram tão impróprios para a alegria cristã e espiritualidade como os nossos, ou mais ainda. "Quando Tiago e Ellen visitavam um pequeno grupo de crentes adventistas que se sentiam solitários e desencorajados, Tiago sugeria para a esposa: 'Ellen, vamos cantar para eles'. Os dois começavam a cantar com voz suave e harmonizada uma mensagem de ânimo para os corações pesarosos. Parecia que os canais da paz celestial eram reabertos", é o testemunho da neta Ella Robinson.
Tiago
Quando trevas e pessimismo pareciam dominar uma sessão da Associação Geral, na velha igreja de Battle Creek, sessão que se arrastava presidida por Tiago White, ele não hesitou em interromper os trabalhos e convidar Ellen para um dueto. Ao final da primeira estrofe, todos os delegados se uniram aos White para cantar o coro. As sombras estavam dissipadas.
Não eram apenas o gosto musical e o senso de oportunidade as características únicas destes pioneiros ilustres no bendito uso da voz. Outros incidentes revelam criatividade e apuro técnico. Aqueles que privaram com Tiago White descrevem sua voz como rica e melodiosa. No seu livro Life lncidents, ele conta como usava um corinho simples, suave e repetitivo como suas primeiras palavras diante de uma grande congregação. Assim ganhava a atenção de todos e depois iniciava o sermão. Ele mesmo diz que ao terminar de cantar "havia completo silêncio no auditório de aproximadamente mil pessoas, nenhum pé ou mão se movia, alguns choravam". Alguém que o ouviu cantar, já no final da vida, com cabelo e barba brancos, descreveu sua voz como "clara e melodiosa, fácil de compreender-lhe as palavras".
Numa viagem, Tiago, seu pai e duas de suas irmãs foram apanhados por um aguaceiro repentino. Procuraram abrigo numa estalagem. Logo estavam cantando melodias de reavivamento da época. O estalajadeiro, sua família e outros que ali haviam chegado por causa da chuva, se tomaram deliciados ouvintes. Ao terminar um hino, solicitavam outro do quarteto improvisado. Assim avançaram noite adentro. Na manhã seguinte, quando o pai de Tiago pediu a conta, antes de reiniciar a jornada, foi informado de que estava tudo pago pelos hinos apresentados na noite anterior.
Ellen
Ellen, por seu lado, viera da Igreja Metodista com a rica herança musical de João e Carlos Wesley. Na realidade, os Wesley estabeleceram novos conceitos em tempos de música religiosa ao expressar de maneira mais dinâmica e artística as verdades espirituais. Já disse que o favorito de Ellen era "Ó Jesus. Meu Bom Pastor" (Cantai ao Senhor, 497 [HASD, 97]) de Carlos Wesley. Outros hinos que estavam em seus lábios constantemente eram: "Ao Ver a Cruz" (Cantai ao Senhor, 96 e 312 [Não constam no HASD]) e "A Ovelha Perdida" (Cantai ao Senhor, 156 [HASD, 99 – com o título de "Noventa e Nove Ovelhas"]).
Nos últimos anos de sua vida, apreciava repetir um hino escrito por William Hyde, depois de vê-la em visão e ouvi-la contar das belezas e glórias da Nova Terra como lhe foram mostradas. A última estrofe desse hino recobrava-lhe o ânimo, e a esperança de modo marcante durante sua enfermidade final, assim que, sempre estava a repetir:
Lá estaremos, lá estaremos dentro em pouco / Com os puros e benditos / Teremos a palma, a veste e a coroa / E o descanso eterno.
Quando Ellen era bem jovem, ouviu um cântico intitulado "O Sonho da Esposa de Pilatos". Sentiu-se muito impressionada. Mas, como não conseguira nem a letra nem a música, tempos depois não tinha mais condições de lembrá-lo. No início do seu ministério, tanto ela quanto Tiago tentaram obter o hino, mas todos os esforços foram baldados. Anos mais tarde, no meio da noite, ela sentou-se na cama e cantou o hino inteiro sem hesitação. Enquanto cantava, o marido procurou memorizar as palavras e a música. Posteriormente, o filho Edson e o sobrinho F. E. Belden copiaram a música e incluíram o hino no Hymns and Tunes, que estavam publicando.
Tempos mais tarde, a senhora White teve oportunidade de usar o hino para dar ênfase à mensagem de um sermão. Sendo convidada para pregar na Assembléia da Associação Geral, em 1909, escolheu como tema a crucifixão e apresentou particularmente a vacilação de Pilatos e suas conseqüências em relação a Cristo. No meio do sermão fez uma pausa para que um quarteto masculino cantasse "O Sonho da Esposa de Pilatos". A congregação foi movida maravilhosamente pelo cântico.
No Lar
O lar de Tiago e Ellen White era um lugar agradável, feliz, onde os cuidados e obrigações eram suavizados com cânticos e as alegrias eram expressadas em louvores musicais.
O filho William escreveu a respeito dos cultos matinais: "Às sete da manhã, estávamos reunidos na sala para o culto matinal. Papai lia um trecho apropriado das Escrituras, depois entoávamos um cântico de louvor ou súplica, no qual todos participavam. O mais freqüentemente usado era: 'Desponta o Sol, e eu venho a Ti, Senhor dos altos Céus;/ Ouvir-me-ás a voz aqui, A voz dos rogos meus' (Cantai ao Senhor, 33 [HASD, 24]). Este ou outro cântico similar era oferecido com caloroso vigor e, por último, papai orava".
Freqüentemente os White tinham hóspedes em casa. Alguns vinham para passar o sábado e outros ficavam para pernoitar. William relata de ocasiões em que já estava na cama e seus pais e visitas continuavam cantando. "Cantar os hinos do advento, naqueles dias, era costume não olvidado em quaisquer encontros sociais de devotas famílias adventistas. Nessas ocasiões, depois de anfitriões e visitas trocarem experiências e palavras de encorajamento, todos se uniam para cantar".
Entre os quatro filhos, Henry, o mais velho, era o melhor dotado com o talento musical, e recebia apoio e incentivo dos pais. Pena que tenha, vivido tão poucos anos!
Ainda juvenis, Henry e Edson conseguiram juntar cerca de cem dólares trabalhando no escritório da Revista Review and Herald ou fazendo jardinagem. Obtido o consentimento dos pais, investiram as economias num pequeno órgão. Como resultado, diz William, "passaram a cantar dois ou três hinos nos cultos da manhã e da noite, ao invés de um"!
Exemplo
A esta altura é possível compreender por que James Edson publicou tantos hinários em sua vida e, durante muitos anos, o periódico Musical Messenger. Compreende-se também por que os adventistas do sétimo dia publicaram 23 hinários entre 1849 e 1900. "Os pioneiros adventistas encontravam nos cânticos de Sião o melhor antídoto para a depressão e desencorajamento. Eles cantavam sempre e em qualquer lugar. Enquanto iam a cavalo ou de carruagem para os humildes locais de reuniões, e como cantavam durante as reuniões! Freqüentemente cantavam sem acompanhamento, porque todo o dinheiro houvera sido gasto na construção de igrejas e nada sobrara para comprar algum instrumento. Mas não cantavam só nas igrejas. Cantavam também nos lares. (...) Nos cultos matutinos e vespertinos; individualmente, enquanto trabalhavam no campo, no comércio ou na cozinha (...)", testifica Ella Robinson.
O cultivo da música e o uso dos cânticos e hinos pela família White se toma para nós um exemplo e uma inspiração. No dia-a-dia, nos cultos da família, nas visitas, diante das congregações e com elas, Ellen e Tiago White sempre tinham hinos no coração e nos lábios.
Hoje, o aprendizado da música vocal ou instrumental é substituído pela aquisição de custosos e sofisticados aparelhos eletrônicos e o hábito de cantar em família, e mesmo na igreja, é substituído pelo ouvir, freqüentemente, desatento. O resultado são pessoas desafinadas e tristes, congregações que cantam mal e pouco, conjuntos excessivamente dependentes de instrumental e "reparos" eletrônicos, e ainda o cultivo de uma música primitiva, digo, superficial, pouco trabalhada, apenas carregada de ritmo e expressão.
Sem dúvida, estamos longe do modelo pioneiro e longe da vontade de Deus. Voltemos aos hinos de Sião, se queremos cantar com os cento e quarenta e quatro mil o hino da vitória!

Notas dos Editores:
[1] Agradecemos à Loide Simon por esta contribuição ao Música Sacra e Adoração.
[2] O hino com letra de Wesley – no novo Hinário Adventista do Sétimo Dia (HASD) – é o de número 97, com o título de "Meu Divino Protetor". Aproveitamos a nota para esclarecer ao leitor que todas as expressões localizadas entre [colchetes] são de autoria dos editores do site, e não constam do original.
[3] Não consta do Hinário Adventista do Sétimo Dia.
[4] Hamel, Paul. Ellen White and Music: Background and Principles. Washington D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1976

Fonte: Revista Adventista. Novembro de 1981, pp. 38-9.
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