terça-feira, 21 de maio de 2019

A Doutrina do Casamento na Bíblia



“Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Gênesis 2:24.



Deixar pai e mãe para constituir uma nova família envolve maturidade. Se unir à mulher através do casamento tornando-se uma só carne envolve intimidade.

             

O intuito divino é que no casamento o amor se mantenha durante toda a vida; que o amor dispensado de um pelo outro os atraia perpetuamente. Tal como o Sábio declara: “Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade. [...] e pelo seu amor sejas atraído perpetuamente”. (Provérbios 5:18-19).       



O apóstolo Paulo também orienta que um casal não deve privar-se das relações íntimas, senão por mútuo consentimento, por algum tempo, para se dedicarem ao jejum e à oração. Paulo conclui dizendo que o casal depois deveria se ajuntar novamente para que Satanás não os tentasse pela incontinência. (I Coríntios 7:3-5).



MATRIMÔNIO – UM CONCERTO VITALÍCIO

“Porque a mulher que está sujeita ao marido, enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido” Romanos 7:2-3.



“Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher” I Coríntios 7:10-11.



“A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor”
I Coríntios 7:39.



Portanto, a reconciliação com o marido deve acontecer, ou que fique só.



Deve ser levado em consideração que, mesmo no caso em que a pessoa está com outra pessoa, tendo se separado em “tempos de ignorância”, os quais é dito que Deus não leva em conta, urge saber o que o apóstolo quis dizer. Uma vez que a pessoa obtenha o conhecimento da verdade, vai desfazer o mal que foi feito, em atitude de genuíno arrependimento, tal como o ladrão que roubava e deixa de roubar ou devolve seu dinheiro ilícito. O texto completo de Atos 17:30 declara: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam”. O significado é: tais pessoas eram ignorantes do poder de Deus para salvar. O ladrão rouba às escondidas por saber que é crime. Ele só não conhece o poder de Deus para salvar, ou se sabe, não aceita o dom gratuito.



COMO DEUS CONSIDERA O DIVÓRCIO

“Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio [divórcio]”. Malaquias 2:16.



Divorciar significa: separar-se, Repudiar significa: renunciar voluntariamente, rejeitar, repelir. Interessante considerar quão forte é a palavra repúdio. De fato, todo divórcio é um repúdio à pessoa que foi prometido amor por toda a vida.



MATEUS 19:9 E A DISTINÇÃO DE FORNICAÇÃO E ADULTÉRIO

“Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”. Mateus 19:9.



A palavra no grego traduzida por “fornicação” é pornéia, palavra esta, que é distinta da utilizada para se referir a “adultério”, que é Moichéia.



Diversos textos bíblicos fazem a distinção entre fornicação e adultério: Oséias 4:13; Mateus 15:19; Marcos 7:21; I Coríntios 6:9-10; Gálatas 5:19-21.



Exegetas concordam que o sentido bíblico da palavra “fornicação” é restrito e não deve ser generalizado. Veja os comentários:



“[Fornicação é:] Relação sexual ilícita por parte de uma pessoa não casada” (Webster's New Collegiate Dictionary).



“Como a palavra fornicação nada mais significa que a união ilícita de pessoas não casadas, não pode ser empregada aqui (Mateus 5:32) com propriedade, quando se fala dos que são casados” (Clarke's Commentary).



Nos auxilia no entendimento do significado da palavra pornéia (fornicação) quando estudamos o relato do nascimento de Jesus:



“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente”. Mateus 1:18-19.



Devido a José ter “desposado” Maria, era necessário, para deixá-la, que ele desse uma carta de divórcio que anularia seu compromisso: uma espécie de contrato antenupcial. Ou seja, Maria estava desposada, porém, não havia ainda contraído núpcias.



A esta situação que os judeus em sua incredulidade se referiram em condenação a Jesus: “Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez. Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de fornicação; temos um Pai, que é Deus.” João 8:40-41.



(Outro exemplo de contrato antenupcial que temos nas Escrituras é acerca dos genros de Ló que haviam de tomar as filhas dele ainda. Ver Gênesis 19:14).



Sendo assim, a cláusula de exceção de Mateus 5:32 e 19:9 (“a não ser por causa de fornicação”), se refere a uma espécie de garantia para o noivo que na noite de núpcias descobrisse uma possível enganação por parte da moça, quanto à sua virgindade, o qual anularia os votos naquelas circunstâncias. Jesus considerou este caso como justificável e que não seria devido à dureza de coração. Jesus se referiu a Deuteronômio 22:20-21.



A REAÇÃO DOS DÍSCIPULOS

“Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar”. Mateus 19:10.



É interessante notar a forma que se introduz na Bíblia a fala deles. Vale lembrar que nessa época os discípulos alimentavam vários erros de interpretação sobre diversas coisas. Assim, imaginemos que eles eram bem rígidos quanto ao assunto do casamento. Por exemplo, eles poderiam acreditar que só devido a adultério deveria haver o divórcio e não por qualquer motivo. No entanto, quando se deparam com a declaração de Jesus, fechando qualquer porta com esta maior rigidez do que a deles mesmo, declaram palavras de surpresa, e até mesmo o que parece ser desapontamento.



A declaração dos discípulos demonstra quanto ao risco envolvido em um matrimônio, testificando que é uma escolha sem volta, ou seja, não há divórcio. Sendo assim, uma escolha errada acarretaria fardo maior do que seria ter ficado só.
                                                                                               

CASAMENTO CIVIL



O casamento deve ser formalizado legalmente de acordo com a ordem civil, em obediência às leis e autoridades seculares. (Romanos 13:1-7; Tito 3:1; I Pedro 2:13-17).



Só estamos livres de obedecer quando o que as autoridades pedem se choca com as reivindicações divinas. (AA 68-69).



O casamento “religioso”, isto é, a cerimônia religiosa deve ocorrer necessariamente depois que os noivos estiverem legalmente casados de acordo com a ordem civil. Do contrário, a igreja deve se abster de realizar tal cerimonia visto não terem cumprido os requisitos pedidos por Deus em obediência às autoridades constituídas. Esta cerimônia envolve o reconhecimento por parte da igreja de que de fato aquele casal está casado e não o de realizar isto no momento.



O que conta pra Deus é o compromisso firmado. Sendo feito o voto matrimonial em um cartório, perante os homens, também estará sendo feito diante de Deus. Deus é testemunha daquele voto realizado. O ser humano não ficará livre do que prometeu devido a não tê-lo feito em um ambiente “sagrado”.



Em nenhuma parte das Escrituras encontramos que caracterizaria em um casamento duas pessoas manterem relações íntimas. Paulo fala claramente contra esta atitude, dizendo que não herdarão o reino de Deus os que fornicam assim como os adúlteros e outros pecadores. (I Coríntios 6:9; Gálatas 5:19-21). Ele não fala de existir um vínculo vitalício justamente porque não houve o voto.



Portanto, devemos entender que o voto matrimonial é um voto vitalício. Não existe outra categorização pra ele. A aliança que é firmada entre homem e mulher de compromisso mútuo, para a vida toda, é o que de fato caracteriza o casamento tal como foi instituído por Deus e reconhecido até hoje.



SÍMBOLO DA UNIÃO ENTRE CRISTO E SUA IGREJA


A união vitalícia do casamento é símbolo da união de Cristo com Sua Igreja. O espírito revelado para com a Igreja, é o que marido e mulher devem se dedicar mutuamente. Cada um deve cultivar a felicidade do outro. (Isaías 54).



“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela [...] Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja”. (Efésios 5:25-29).



O mesmo amor que Cristo dá à Igreja deve ser o amor do marido pela esposa. Este amor inclui a orientação de até mesmo se sacrificar pela mulher.



Vale destacar que por mais que o matrimônio possa criar uma profunda e misteriosa unidade entre duas pessoas, estes não devem perder a individualidade própria. Os homens, em especial, devem cuidar para que a legítima liderança não degenere-se em atitudes que levem à dominação da consciência da esposa. Mesmo aqueles que fizeram o concerto matrimonial continuam diante de Deus individualmente responsáveis pelas decisões tomadas. (II Coríntios 5:10).   

           

CONCLUSÃO – RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS

No assunto do casamento sempre tem havido tentativas de rebaixamento das normas, semelhante ao que os judeus faziam, devido a ser um povo de dura cerviz. As igrejas, de modo geral - tanto fora como dentro do adventismo - têm fracassado em fazer uma reforma completa.



Apesar de que na lei civil mosaica tenha sido de fato permitido o divórcio e novo casamento (Deuteronômio 24:1-4), a Bíblia declara que o Senhor odeia o divórcio. (Malaquias 2:16; Lucas 17:27). Cristo comenta que isso foi permitido devido à dureza dos corações, mas que no princípio não fora o casamento instituído desse modo pelo Criador. (Mateus 19:3-8). Em palavras das mais enfáticas, Ele declarou: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. (Mateus 19:6). Temos ainda no texto a reação dos discípulos e a fala final do Mestre. Nelas é demonstrado que aquele que faz o voto matrimonial, faz uma escolha para a vida toda. Se eventualmente revelar-se uma escolha errada, poderá acarretar a separação, e não havendo possibilidade de reconciliação, Deus capacitará a pessoa a permanecer só, seguindo a Sua vontade. (Mateus 19:10-12 e MDC 65).



O Senhor deseja que a Sua Igreja efetue a obra de restaurar o matrimônio à sua dignificante posição original. (Atos 3:19-21).



“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR, E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”. Atos 3:19-21.



“Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim” Mateus 19:3-8.



“Quando, posteriormente, os fariseus O interrogaram acerca da legalidade do divórcio, Jesus apontou a Seus ouvintes a antiga instituição do casamento, segundo foi ordenada na criação. [...] Ele lhes chamou a atenção para os abençoados dias do Éden, quando Deus declarou tudo "muito bom". Gên. 1:31. Então tiveram origem o casamento e o sábado, instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da humanidade”. O Maior Discurso de Cristo, pág. 63.



“No tempo do fim, toda instituição divina deve ser restaurada”. Profetas e Reis, pág. 678.





Autor: Matheus G. O. Borges
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