“Portanto
deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão
ambos uma carne”. Gênesis 2:24.
Deixar pai e mãe para constituir uma
nova família envolve maturidade. Se unir à mulher através do casamento tornando-se
uma só carne envolve intimidade.
O intuito divino é
que no casamento o amor se mantenha durante toda a vida; que o amor dispensado
de um pelo outro os atraia perpetuamente. Tal como o Sábio declara: “Seja bendito o
teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade. [...] e pelo seu amor
sejas atraído perpetuamente”. (Provérbios 5:18-19).
O apóstolo Paulo
também orienta que um casal não deve privar-se das relações íntimas, senão por
mútuo consentimento, por algum tempo, para se dedicarem ao jejum e à oração.
Paulo conclui dizendo que o casal depois deveria se ajuntar novamente para que
Satanás não os tentasse pela incontinência. (I Coríntios 7:3-5).
MATRIMÔNIO – UM CONCERTO VITALÍCIO
“Porque a mulher que está sujeita ao marido,
enquanto ele viver, está-lhe ligada pela lei; mas, morto o marido, está livre
da lei do marido. De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for
de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será
adúltera, se for de outro marido” Romanos
7:2-3.
“Todavia, aos casados
mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se
apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido
não deixe a mulher” I Coríntios 7:10-11.
“A mulher casada está ligada pela lei todo
o tempo que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido fica livre para
casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor”
I Coríntios 7:39.
I Coríntios 7:39.
Portanto, a
reconciliação com o marido deve acontecer, ou que fique só.
Deve ser levado em
consideração que, mesmo no caso em que a pessoa está com outra pessoa, tendo se
separado em “tempos de ignorância”, os quais é dito que Deus não
leva em conta, urge saber o que o apóstolo quis dizer. Uma vez que a pessoa
obtenha o conhecimento da verdade, vai desfazer o mal que foi feito, em atitude
de genuíno arrependimento, tal como o ladrão que roubava e deixa de roubar ou
devolve seu dinheiro ilícito. O texto completo de Atos 17:30 declara:
“Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos
os homens, e em todo o lugar, que se arrependam”. O significado é: tais
pessoas eram ignorantes do poder de Deus para salvar. O ladrão rouba às
escondidas por saber que é crime. Ele só não conhece o poder de Deus para
salvar, ou se sabe, não aceita o dom gratuito.
COMO DEUS CONSIDERA O DIVÓRCIO
“Porque o SENHOR, o Deus
de Israel diz que odeia o repúdio [divórcio]”. Malaquias 2:16.
Divorciar significa: separar-se, Repudiar
significa: renunciar voluntariamente, rejeitar, repelir. Interessante
considerar quão forte é a palavra repúdio.
De fato, todo divórcio é um repúdio à pessoa que foi prometido amor por toda a
vida.
MATEUS 19:9 E A DISTINÇÃO DE
FORNICAÇÃO E ADULTÉRIO
“Eu vos digo, porém, que
qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar
com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete
adultério”. Mateus 19:9.
A
palavra no grego traduzida por “fornicação” é pornéia, palavra esta, que é distinta da utilizada para se referir
a “adultério”, que é Moichéia.
Diversos
textos bíblicos fazem a distinção entre fornicação e adultério: Oséias 4:13; Mateus 15:19; Marcos 7:21; I
Coríntios 6:9-10; Gálatas 5:19-21.
Exegetas concordam
que o sentido bíblico da palavra “fornicação” é restrito e não deve ser
generalizado. Veja os comentários:
“[Fornicação é:]
Relação sexual ilícita por parte de uma pessoa não casada” (Webster's New
Collegiate Dictionary).
“Como a palavra
fornicação nada mais significa que a união ilícita de pessoas não casadas, não
pode ser empregada aqui (Mateus 5:32) com propriedade, quando se fala dos que
são casados” (Clarke's Commentary).
Nos
auxilia no entendimento do significado da palavra pornéia (fornicação) quando estudamos o relato do nascimento de
Jesus:
“Ora, o nascimento de
Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se
ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido,
como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente”. Mateus 1:18-19.
Devido
a José ter “desposado” Maria, era necessário, para deixá-la, que ele desse uma
carta de divórcio que anularia seu compromisso: uma espécie de contrato
antenupcial. Ou seja, Maria estava desposada, porém, não havia ainda contraído
núpcias.
A
esta situação que os judeus em sua incredulidade se referiram em condenação a
Jesus: “Mas agora procurais matar-me, a
mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez. Vós fazeis
as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de fornicação;
temos um Pai, que é Deus.” João
8:40-41.
(Outro exemplo de contrato antenupcial que temos nas Escrituras é
acerca dos genros de Ló que haviam de tomar as filhas dele ainda. Ver Gênesis
19:14).
Sendo assim, a
cláusula de exceção de Mateus 5:32 e 19:9 (“a não ser por causa
de fornicação”), se refere a uma espécie de garantia para o noivo que na
noite de núpcias descobrisse uma possível enganação por parte da moça,
quanto à sua virgindade, o qual anularia os votos naquelas
circunstâncias. Jesus considerou este caso como justificável e que não
seria devido à dureza de coração. Jesus se referiu a Deuteronômio
22:20-21.
A REAÇÃO DOS DÍSCIPULOS
“Disseram-lhe seus
discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém
casar”. Mateus 19:10.
É
interessante notar a forma que se introduz na Bíblia a fala deles. Vale
lembrar que nessa época os discípulos alimentavam vários erros de interpretação
sobre diversas coisas. Assim, imaginemos que eles eram bem rígidos quanto
ao assunto do casamento. Por exemplo, eles poderiam acreditar que só devido a
adultério deveria haver o divórcio e não por qualquer motivo. No entanto,
quando se deparam com a declaração de Jesus, fechando qualquer porta com esta
maior rigidez do que a deles mesmo, declaram palavras de surpresa, e até mesmo
o que parece ser desapontamento.
A
declaração dos discípulos demonstra quanto ao risco envolvido em um matrimônio,
testificando que é uma escolha sem volta, ou seja, não há divórcio. Sendo
assim, uma escolha errada acarretaria fardo maior do que seria ter ficado só.
CASAMENTO CIVIL
O casamento deve
ser formalizado legalmente de acordo com a ordem civil, em obediência às leis e
autoridades seculares. (Romanos 13:1-7;
Tito 3:1; I Pedro 2:13-17).
Só
estamos livres de obedecer quando o que as autoridades pedem se choca com as reivindicações
divinas. (AA 68-69).
O
casamento “religioso”, isto é, a cerimônia religiosa deve ocorrer
necessariamente depois que os noivos estiverem legalmente casados de acordo com
a ordem civil. Do contrário, a igreja deve se abster de realizar tal cerimonia
visto não terem cumprido os requisitos pedidos por Deus em obediência às
autoridades constituídas. Esta cerimônia envolve o reconhecimento por parte da
igreja de que de fato aquele casal está casado e não o de realizar isto no
momento.
O
que conta pra Deus é o compromisso firmado. Sendo feito o voto matrimonial em
um cartório, perante os homens, também estará sendo feito diante de Deus. Deus
é testemunha daquele voto realizado. O ser humano não ficará livre do que
prometeu devido a não tê-lo feito em um ambiente “sagrado”.
Em
nenhuma parte das Escrituras encontramos que caracterizaria em um casamento duas
pessoas manterem relações íntimas. Paulo fala claramente contra esta atitude,
dizendo que não herdarão o reino de Deus os que fornicam assim como os
adúlteros e outros pecadores. (I Coríntios 6:9; Gálatas 5:19-21). Ele não fala
de existir um vínculo vitalício justamente porque não houve o voto.
Portanto,
devemos entender que o voto matrimonial é um voto vitalício. Não existe outra
categorização pra ele. A aliança que é firmada entre homem e mulher de
compromisso mútuo, para a vida toda, é o que de fato caracteriza o casamento
tal como foi instituído por Deus e reconhecido até hoje.
SÍMBOLO DA UNIÃO ENTRE CRISTO E SUA IGREJA
A união vitalícia
do casamento é símbolo da união de Cristo com Sua Igreja. O espírito revelado
para com a Igreja, é o que marido e mulher devem se dedicar mutuamente. Cada um
deve cultivar a felicidade do outro. (Isaías
54).
“Vós, maridos, amai vossas mulheres, como
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela [...] Assim devem
os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem
ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria
carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja”. (Efésios 5:25-29).
O mesmo
amor que Cristo dá à Igreja deve ser o amor do marido pela esposa. Este amor
inclui a orientação de até mesmo se sacrificar pela mulher.
Vale
destacar que por mais que o matrimônio possa criar uma profunda e misteriosa
unidade entre duas pessoas, estes não devem perder a individualidade própria.
Os homens, em especial, devem cuidar para que a legítima liderança não
degenere-se em atitudes que levem à dominação da consciência da esposa. Mesmo
aqueles que fizeram o concerto matrimonial continuam diante de Deus
individualmente responsáveis pelas decisões tomadas. (II Coríntios 5:10).
CONCLUSÃO – RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS
No assunto do
casamento sempre tem havido tentativas de rebaixamento das normas, semelhante
ao que os judeus faziam, devido a ser um povo de dura cerviz. As igrejas, de
modo geral - tanto fora como dentro do adventismo - têm fracassado em fazer uma
reforma completa.
Apesar de que na lei civil mosaica tenha sido de fato
permitido o divórcio e novo casamento (Deuteronômio
24:1-4), a Bíblia declara que o Senhor odeia
o divórcio. (Malaquias 2:16; Lucas 17:27). Cristo comenta que isso foi permitido devido à dureza
dos corações, mas que no princípio não fora o casamento instituído desse modo
pelo Criador. (Mateus 19:3-8). Em palavras das mais enfáticas, Ele declarou: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. (Mateus 19:6). Temos
ainda no texto a reação dos discípulos e a fala final do Mestre. Nelas é
demonstrado que aquele que faz o voto matrimonial, faz uma escolha para a vida
toda. Se eventualmente revelar-se uma escolha errada, poderá acarretar a
separação, e não havendo possibilidade de reconciliação, Deus capacitará a
pessoa a permanecer só, seguindo a Sua vontade. (Mateus 19:10-12 e MDC 65).
O
Senhor deseja que a Sua Igreja efetue a obra de restaurar o matrimônio à sua
dignificante posição original. (Atos
3:19-21).
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os
vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,
E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo,
dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o
princípio”. Atos 3:19-21.
“Então chegaram ao pé dele os fariseus,
tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer
motivo? Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os
fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e
mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais
dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.
Disseram-lhe eles: Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e
repudiá-la? Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações,
vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim” Mateus
19:3-8.
“Quando, posteriormente,
os fariseus O interrogaram acerca da legalidade do divórcio, Jesus apontou a
Seus ouvintes a antiga instituição do casamento, segundo foi ordenada na
criação. [...] Ele lhes chamou a atenção para os abençoados dias do Éden, quando
Deus declarou tudo "muito bom". Gên. 1:31. Então tiveram origem o
casamento e o sábado, instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da
humanidade”. O Maior Discurso de Cristo,
pág. 63.
“No tempo do fim, toda
instituição divina deve ser restaurada”. Profetas
e Reis, pág. 678.
Autor: Matheus G. O. Borges