Você lembra que, em 2009, o estudo de um pesquisador israelense mostrou que os sons de Mozart podem ajudar bebês prematuros a ganhar peso? Essa pesquisa foi impulsionada pelo chamado Efeito Mozart, uma teoria muito criticada pelo mundo científico de que a exposição a composições do austríaco levaria a filhos mais inteligentes. O que, de fato, tem sido observado na relação entre a música e as crianças? Que benefícios pode trazer para o desenvolvimento delas?
Segundo os especialistas, a experiência auditiva começa ainda na barriga da mãe. "É o que chamamos de precocidade da experiência musical. A partir do quinto mês de gestação, quando nosso aparelho auditivo já está formado, ficamos submetidos a estímulos sonoros, desde batimentos cardíacos até a voz da mãe", afirma a musicoterapeuta Bianca Bruno. O vínculo entre esses sons e o afeto presente neles já é considerado fundamental para o bom desenvolvimento dos bebês.
A música tem representações em diversas áreas do cérebro, continua Bianca, e pode se relacionar a diferentes tipos de conhecimento. "Além do fato de existir uma área específica, como dizem os neurologistas, que se caracteriza pelas funções musicais", complementa a musicoterapeuta. Julia Holanda, professora do Centro de Educação Musical Holanda, em Goiânia, corrobora: "Ao entrarmos em contato com a música, todo o nosso cérebro é estimulado, especialmente uma boa parte do hemisfério esquerdo".
Julia Holanda lembra uma pesquisa recente que observou o comportamento de crianças submetidas a três tipos de atividades: aulas de xadrez, computação e música. Ela conta que aquelas que estiveram em contato com a música obtiveram desempenho 40% superior em suas atividades escolares. "A música trabalha como prevenção e como tratamento. Utiliza raciocínio lógico e matemático, coordenação motora, concentração, as emoções e as relações sociais", elenca a musicista.
Por isso, uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) determinou que, a partir de agosto, todos os centros educativos do país incluam a matéria em seus currículos escolares. "As escolas devem pensar a música no conjunto de seu projeto político-pedagógico, definindo, assim, as formas condizentes com a organização de seus currículos", defende Clélia Craveio, conselheira do CNE.
Música é emoção
Dividida em compassos e ritmos, as melodias estimulam o raciocínio lógico, além de explorar a concentração dos pequenos para acompanhar o tempo da música. A sensibilidade musical, segundo Holanda, está diretamente atrelada aos sentimentos e ao que o som representa. "A mãe que quer estimular seu filho com música precisa transformá-la em uma experiência afetiva agradável. Se lhe for direcionada como uma obrigação, pode atrapalhar. Pais que desejam herdeiros geniais podem submeter as crianças a uma experiência afetiva ruim, e a forma lúdica é fundamentalmente importante para o desenvolvimento desses estímulos", alerta a musicoterapeuta.
Os sons e as melodias aguçam a percepção sonora e estimulam a observação. Como explica Bianca, a criança passa a ver o mundo com mais detalhes. "Ainda que o Efeito Mozart seja questionável, qualquer pai e mãe que associe a música a uma emoção positiva pode conseguir incentivar seus filhos a serem indivíduos mais seguros, a se sentirem bem com o desconhecido e construírem um raciocínio mais complexo. Resulta ainda no fortalecimento da relação familiar ", conclui ela.
(Fonte: MSN)
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