Continuação e Parte Final do artigo sobre divórico e novo casamento, caso o amigo internauta não tenha visto a primeira parte clique aqui.
5) Um único marido por toda uma vida, essa é a afirmação da Bíblia, pois, fala que a mulher está ligada a seu marido em quanto viver (pois é um contrato vitalício, Romanos 7:2-3), uma possibilidade, no caso, para se ter um segundo marido, é de escolha da pessoa, de na viuvez se casar de novo. Quanto à exceção de Mateus 19:9 é um caso a parte: era como um seguro que o noivo tinha contra uma possível enganação por parte da moça quanto à sua virgindade, o qual anularia os votos naquelas circunstâncias. Porém, se o noivo já tinha aceitado a não-virgindade da moça, não havia motivo para a anulação, pois já era caso conhecido, apenas se fosse desconhecido o fato pelo noivo é que seria feita a anulação. Devemos nunca se esquecer que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16). Isto é testificado por Deus já no Antigo Testamento (neste texto, no caso, mostra o verdadeiro plano de Deus), acaso Jesus ia se contradizer aceitando a dureza do coração dos homens no tempo da Restauração de todas as coisas?
6) Quando o Apóstolo Paulo fala sobre o assunto do casamento, na Carta aos Romanos, e na dos Coríntios, ele não limita os seus conselhos inspirados apenas a um caso, pois serviriam universalmente para os Filhos de Deus, sendo que o silêncio dele ao tratar dos detalhes das circunstâncias, mostra que se aplicam às várias circunstâncias. Paulo não se refere há um caso que houve infidelidade por parte do marido, e nem se refere a uma mulher que quer se separar por motivos seculares; ele não limita o texto inspirado a nenhum dos casos, mas para ambos, e também a outras circunstâncias especiais. Analisando a exegese do texto, fica claro que Paulo queria fechar a porta a qualquer motivo de separação e novo casamento.
7) A reconciliação com o primeiro marido deve acontecer, mesmo que a mulher esteja em seu segundo casamento, ou que fique só. Também deve ser levado em consideração, que apesar de a pessoa ter se separado em “tempos de ignorância”, ela agora em arrependimento vai desfazer o mal feito, como o ladrão que roubava, deixa de roubar, ou devolve seu dinheiro ilícito; tal como é dito no artigo já citado:
Se essas duas pessoas se converteram, elas têm a obrigação de parar de cometer adultério continuado. A doutrina do arrependimento (Grego: metanoeo) diz que acontece uma mudança de mente, atitude e de comportamento quando uma pessoa é verdadeiramente salva.
Além do mais, convenhamos que o termo “tempos de ignorância” nem se aplica, pois os casais dos países da cristandade, já tinham o conhecimento de que era apenas um casamento por toda a vida, e até que a morte os separassem, quando se casaram. Isso não é uma verdade peculiar nossa, há conhecimento disso lá fora, antes de terem vindo para o remanescente fiel. Quando se apela para a emoção neste assunto, achei muito sensata a resposta do autor do artigo já citado, intitulado “Divórcio e Novo Casamento é o mesmo que adultério continuado”:
Pergunta: “O segundo casamento não deve ser desfeito porque os filhos dessa união fruto do divórcio e recasamento não merecem sofrer (1 Co. 7:10-11).”
“Resposta: Errado! Em primeiro lugar, esse argumento é um tiro pela culatra porque se houver filhos do legítimo casamento (primeiro), eles é que não deveriam sofrer! A questão, todavia, não é quem merece ou não merece sofrer, pois quando há divórcio sempre há sofrimento. A questão é o que a Bíblia ensina: Divórcio e novo casamento é adultério. Em segundo lugar, o relacionamento marido-mulher (eles são uma só carne até a morte) é sempre a prioridade. Em terceiro lugar, nada justifica uma situação de adultério continuado nem mesmo o sofrimento de filhos dessa união. Deve-se destacar que a responsabilidade dos pais permanecem”.
Há um argumento neste ponto da reconciliação com o primeiro marido. Esse fala que não era permitido voltar ao primeiro marido no tempo de Moisés, pois a mulher estava contaminada, e disso conclui que não se deve, hoje, se reconciliar com o primeiro marido, se houve segundo casamento (Deuteronômio 24). Porém, sabemos muito bem, que no tempo de Moisés era tempo de permissão, e não de restauração como é hoje, pois, se for assim, é necessário também nos adequarmos a outras ordenanças tais como: olho por olho, dente por dente, e não amar ao inimigo. Não há como aplicar aquele texto para nós, a menos que se conclua que é tempo de permissão hoje. Devemos ser criteriosos nos argumentos, senão, iremos concluir que a Bíblia está em contradição; devemos entender o Plano (Original), Permissão (Temporária) e Restauração (Final) de Deus (Atos 3:19-21), senão cairemos em engano.
Além disso, chamo à atenção os primeiros quatro versos de Deuteronômio 24 que, enquanto o divórcio é garantido, ainda assim a mulher divorciada torna-se “contaminada” por seu novo casamento (verso 4). Pode muito bem ser que, quando os fariseus perguntaram a Jesus se o divórcio era legítimo, ele baseou sua resposta negativa não somente na intenção de Deus expressa em Gênesis 1.27 e 2.24, mas também em Deuteronômio 24.4, em que o novo casamento pós-divórcio contamina a pessoa. Em outras palavras, existiam várias pistas na lei civil mosaica de que a concessão do divórcio era baseada na dureza do coração humano, e realmente (efetivamente) não tornavam o divórcio e o novo casamento legítimos (perante Deus). Quanto a uma pessoa solteira que casa com uma divorciada, o voto matrimonial não foi selado (confirmado por Deus), pois a parte divorciada não estava livre de seu primeiro voto, tornando portanto este voto matrimonial inválido. A pessoa solteira está livre do voto de casamento (pois este foi um voto nulo; sem efeito ou valor), apesar de que durante este tempo estivesse vivendo em fornicação. Já a parte divorciada está vivendo em adultério continuado. Sendo que o segundo casamento não valeu, a mulher divorciada não tem dois homens, e não se casou duas vezes – coisa proibida por Deus.
8) O voto matrimonial é feito para valer dali em diante até que a morte os separe, porém há uma cláusula de exceção: havia uma segurança para o noivo, justamente por ele, na sua inocência, não desconfiando da noiva, viesse a ser enganado casando com uma moça que tinha perdido a virgindade. Um caso a parte como já disse. Interessante notar que há alguns intérpretes que não fazem nem ligação com depois do casamento a cláusula de exceção, mas sim antes, veja: o autor Pedro de Almeida, da obra que foi citada durante o artigo, não faz a ligação de Mateus com Deuteronômio 22 que fala que mesmo depois de casado, por não encontrar virgem a moça, o homem poderia se separar; ele entende que se aplicava o texto apenas a antes do casamento, como é o caso de José e Maria. Para mim este é um equívoco do autor, pois Jesus queria dar esta segurança ao noivo mesmo depois de casado (tal como em Deuteronômio 22). Devemos também levar em conta a importância que se tinha pela virgindade da moça, e isto, não apenas para a cultura da época, mas também para Deus.
9) Quanto ao voto matrimonial gostaria de citar novamente o artigo sobre o divórcio: “O voto mais antigo é que tem que ser mantido! ... Não se pode fazer um novo voto, contrariando (Rom. 1:31 diz sobre os réprobos: "infiéis nos contratos") o primeiro voto! ... Consequentemente, esse voto tolo (ver um voto abominável em Jer. 44:25) do recasamento, é pecaminoso e uma afronta contra Deus. Ele não tem valor algum, e deve ser quebrado imediatamente para não se continuar em adultério. Esse segundo casamento nada vale diante de Deus, pois é considerado adultério. Se os homens o consideram erradamente de casamento, e um "divórcio" de acordo com as leis humanas é necessário para cancelá-lo, isso não viola 1 Co. 6:1-8, pois uma situação pecaminosa (que nunca deveria ter ocorrido em primeiro lugar) está sendo corrigida e não criada.
10) Deus traçou um plano para a raça humana, e o havia sido dito para os patriarcas da fé, porém, no tempo de Moisés por causa da dureza de coração foi um tempo de permissões (temporárias), e adaptações da verdade de Deus, sendo como ensinos de vingadores, olho por olho, de pena de morte etc. Muitas vezes sem levarem em consideração a misericórdia, mas apenas baseado na justiça e na dureza do coração. Nunca saberemos ou entederemos totalmente neste mundo por que motivo Deus tolerou certos pecados; porém, é compreensível que pela constante incredulidade de Seu povo, Ele em Sua infinita sabedoria para não exterminar todo o povo (quantas rebeliões fariam eles se fosse exigido tudo?) tolerou eles, para que mesmo em meio à incredulidade, floresce-se a justiça e misericórdia, para que houvessem homens reformadores que pregariam a verdade de Deus. O Senhor quer que O obedeçam, porém, somente se for o que nosso coração deseja.
Quando formos estudar o assunto do divórcio e novo casamento, não podemos nos basear no Velho Testamento em geral, especificadamente nas leis de Moisés que foram adaptações falhas do plano de Deus, porém, mesmo no Antigo Testamento vemos o Senhor dos exércitos contra o divórcio (Malaquias 2:16), mostrando assim a pecaminosidade de seu povo no costume de se divorciarem. O Plano de Deus para a Restauração de todas as coisas está no Novo Testamento: lá podemos encontrar o que Deus pensa sobre o assunto do casamento sem permissões dadas temporariamente por causa da dureza do coração. Com efeito, Jesus aponta para antes de Moisés, para a Criação quando tudo era perfeito, e fala que essa deve ser a norma.
Quando formos estudar o assunto do divórcio e novo casamento, não podemos nos basear no Velho Testamento em geral, especificadamente nas leis de Moisés que foram adaptações falhas do plano de Deus, porém, mesmo no Antigo Testamento vemos o Senhor dos exércitos contra o divórcio (Malaquias 2:16), mostrando assim a pecaminosidade de seu povo no costume de se divorciarem. O Plano de Deus para a Restauração de todas as coisas está no Novo Testamento: lá podemos encontrar o que Deus pensa sobre o assunto do casamento sem permissões dadas temporariamente por causa da dureza do coração. Com efeito, Jesus aponta para antes de Moisés, para a Criação quando tudo era perfeito, e fala que essa deve ser a norma.
Que Deus seja engrandecido em todo estudo que houver de Sua Palavra, e não de nenhum de nós, seus servos, aprendendo cada dia como obedecer a Ele por amor.
APÊNDICE
Pornéia = Fornicação.
Esta é a tradução de João Ferreira de Almeida e diversos outros tradutores. Na Septuaginta (Versão em grego do Antigo Testamento), o texto de Deuteronômio 22 (não só este texto, bem como muitos outros), que fala da fornicação da moça, é traduzido do hebraico como sendo pornéia, sendo esta versão dos 70 eruditos judeus uma das mais tradicionais traduções da Bíblia. Assim reafirmando o paralelo entre Deuteronômio 22, e as palavras de Jesus em Mateus 19:9.
Um dos textos mais esclarecedores quanto ao significado de pornéia, é este: “Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez. Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de fornicação; temos um Pai, que é Deus.” João 8:40-41 (ver também I Coríntios 5:1 e 10; 7:2; Judas 1:7; etc.). Fica claro o significado da palavra pornéia no episódio de Maria, sendo que a acusação que faziam era referente a fornicação; e posteriormente Jesus foi chamado levianamente também pelos incrédulos de filho de fornicação, sendo sempre este o significado de pornéia na Bíblia.
Fornicação e adultério as duas palavras juntas nos textos abaixo caracterizando uma diferença confira:
I Coríntios 6:9 e 18; Apocalipse 21:8; Mateus 15:19; Marcos 7:21 etc.
Para os que insistem que a exegese feita neste estudo para com o sentido da palavra “fornicação” é equivocada, há especialistas nesta área que atestam a favor, apesar de que obviamente há outros que discordem delas. Veja o que dizem algumas autoridades advogando a favor de um sentido estrito, preciso, para a palavra em questão:
“[Fornicação é:] Relação sexual ilícita por parte de uma pessoa não casada” Webster’s New Collegiate Dictionary.
“Como a palavra fornicação nada mais significa que a união ilícita de pessoas não casadas, não pode ser empregada aqui (Mateus 5:32) com propriedade, quando se fala dos que são casados” Clarke’s Commentary.
“Neste sentido os fornicários (pornoi) se distinguem dos adúlteros (moichoi) como em I Coríntios 6:9”. Baker’s Dictinary of Theology.
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