José Bates, ex-capitão de navio, homem singular em vários aspectos, que antes de conhecer o sábado lutou pela temperança, foi um pioneiro dos adventistas crentes no sábado do sétimo-dia, e, além disso, seu papel como um dos fundadores da Igreja foi decisivo principalmente influenciando doutrinariamente a Igreja; ele apresentou o sábado com grande vigor convencendo a muitos, aprofundou o entendimento da mensagem do terceiro anjo em ligação com o tema do grande conflito entre Cristo e Satanás, e que no centro desta luta estava a identificação e obediência do verdadeiro sábado (sétimo dia), desenvolvendo, por conseguinte, o tema do selamento do povo de Deus.
No ano de 1821 José Bates começou a ter a consciência despertada para a temperança; ele havia se tornado comandante de navio há pouco tempo, quando começou a rejeitar o tomar bebidas alcoólicas, hábito tão comum aos homens do mar, inclusive o beber as mais fortes. Ele começou sua reforma impondo o limite de um copo por dia, e isso ele fazia ao meio-dia, mas ao decorrer o tempo ele começou a sentir necessidade tamanha, que preferia tomar um copo de bebida a se alimentar. Foi assim que em vez de retroceder, decidiu por fim nunca mais beber outro copo. Apenas bebia vinho em companhia de outros por isso ser elegante, entretanto não demorou muito para até mesmo o uso do vinho fosse retirado de sua dieta.
Também ficou convencido do erro de fumar, e resolveu então não usar fumo de nenhum modo. Ele teve duras batalhas que enfrentar, principalmente devido aos diversos hábitos errôneos desta vida de marinheiro, a linguagem torpe, a blasfêmia, foram defeitos de caráter que ele se esforçou para se libertar.
Já antes do ano de 1838 se convenceu dos efeitos nocivos do chá e café, levando a tanto ele como a esposa a suprimir tais itens da mesa. Abandonaria também a alimentação cárnea em 1843.
Em certa viagem Bates sofreu intenso sofrimento mental, talvez ele tenha sofrido algum tipo de depressão, de qualquer forma, Bates nessa ocasião entregou totalmente seu coração a Jesus, entendendo que por si só não poderia vencer as lutas contra as tendências corruptas.
Certo dia, em paz de espírito a bordo do navio ele deixou registrada uma súplica a Deus, ele escreveu: “Usa-me, Senhor, eu Te Imploro, como um instrumento de Teu serviço; Conta-me entre o Teu povo peculiar” (Em História do Adventismo, pág. 80). Ele não imaginava que esta oração seria atendida em anos futuros de forma surpreendente.
Naquela época a maioria dos pioneiros freqüentemente estavam enfermos; na verdade como John Andrews certa vez disse: “Imaginávamos que a dor de cabeça, dispepsia [indigestão], náusea, febre, etc. eram em sua maior parte, coisas totalmente fora de nosso controle” (Em História do Adventismo, pág. 216); o conhecimento deles quanto a necessidade de melhor alimentação e estilo de vida era mínimo se não inexistente.
Por isso que provavelmente o único dos pioneiros que realmente tinha uma vida saudável era o velho capitão. Ele deixara de comer alimentos cárneos, manteiga, gordura, queijo, e bolos substanciosos muito açucarados.
Dele é dito que ficou doente apenas poucos dias na vida toda, além da sua breve enfermidade final.
Apesar de que soubesse muito bem o motivo de ter saúde, Bates preferiu testemunhar pelo exemplo quase sempre. Pouco ele disse a respeito de seu regime alimentar em público até que a luz finalmente raiou àquele movimento em 1863: quando Ellen White recebeu uma visão sobre reforma de saúde. Após isso, passou ele a falar mais livremente sobre o assunto.
No ano anterior a sua morte ainda desfrutava uma condição de saúde invejável; inclusive, neste ano ele assistiu um congresso relativo ao tema da reforma de saúde em Battle Creek.
Enquanto discutia-se o assunto, derrepente alguém se lembrou e exclamou: “Onde está o Pastor Bates? Ele é a pessoa que precisamos ouvir a respeito deste assunto”.
O idoso capitão estava sentado no fundo da igreja. Chamaram-no para o púlpito o estimado irmão com 79 anos de idade, mas ainda perfeitamente ereto e caminhando rapidamente até a plataforma.
Ele relembrou suas experiências do passado e o resultado do abandono de um hábito nocivo após outro, até que estivesse livre de qualquer hábito que soubesse que era prejudicial. Testemunhou também estar totalmente livre de dores e mal-estar.
J. O. Corliss, presente nesta reunião, deu o seguinte testemunho acerca de Bates: “[Ele] ficou em pé como uma estátua de mármore e se movimentava com a leveza de um garoto. O auditório ficou tão eletrizado diante da eloqüência do idoso senhor que por um momento só se ouviam sonoros ‘améns’” (Em Retratos dos Pioneiros, pág. 57).
Se nota em suma que apesar de que ele tivesse muito a falar sobre seus padrões de estilo de vida, falou muito pouco. Mas fez algo melhor: deu-nos um exemplo de viver saudável na prática, não meramente teórico; a simples presença dele era uma constante advertência a favor da temperança.
Dois anos após a morte de sua amada Prudence Nye, José Bates foi chamado ao descanso em 19 de março de 1872, aos 80 anos de idade. Foi sepultado ao lado da esposa em Monterey, Michigan.
Finalizando, uma mensagem final de uma resolução de pesar feita em uma reunião da Associação de Michigan, em homenagem a José Bates: “Embora lamentamos profundamente a nossa perda, relembraremos os seus conselhos, imitaremos suas virtudes e nos esforçaremos por encontrá-lo no reino de Deus” (Em Retratos dos Pioneiros, pág. 57).
[M. Borges]
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