Vasculhando algumas caixas com coisas velhas, minha mãe encontrou minha coleção com os primeiros exemplares da revista Superinteressante que eu religiosamente comprava na banca de jornais, todos os meses, devorava de capa a capa e depois guardava cuidadosamente em sacos plásticos. Ela aproveitou minha visita de férias e me entregou a pilha de revistas. E lá estava a relíquia: e edição de estreia lançada em 1988 com o trem-bala vermelho na capa, levitando sobre trilhos de supercondutores. Quando a vi, foi como voltar no tempo. Lembrei-me da empolgação com que a comprei, já que sempre gostei de temas científicos e a promessa da revista pioneira era exatamente esta: descortinar o mundo da ciência para leitores ávidos como eu, no alto dos meus idos 16 anos. Abri cuidadosamente a revista na página 5 e li o editorial de Victor Civita, com a promessa de que nas páginas de Superinteressante não haveria “lugar para meias-verdades, o saber por ouvir dizer, a hipótese sem evidência que a legitime”. Mas, logo abaixo, o mesmo Civita sentenciava: “Nós não descendemos do macaco, embora tenhamos com ele um ancestral comum.” Que ancestral? Onde e quando foi descoberto? Cadê seus fósseis? A primeira meia-verdade sem evidência teve que esperar apenas quatro linhas para aparecer! Continue Lendo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário